domingo, 29 de março de 2009

Incontinência urinária em corredoras

Depois que comecei a ajudar o clube de corrida escrevendo alguns posts para esse blog, algumas mulheres me procuraram e pediram que eu escrevesse sobre um assunto que as deixa bastante constrangidas e que pode ser considerado um "tabu das corridas de rua": a perda involuntária de urina durante a atividade física (ou, em palavras mais técnicas, a incontinência urinária nas mulheres atletas). Aproveitando o fato de que sou uma pesquisadora nata, e de que já havia escrito alguns textos em homenagem às mulheres, em razão das comemorações do dia 8 de março, resolvi me debruçar sobre o tema e compartilhar alguns dados.
Em primeiro lugar, as pesquisas ressaltam que as mulheres que foram consultadas para a realização de experiências sobre o assunto relataram que a perda de urina "é muito embaraçosa" e que "afeta a concentração e a performance". Os médicos especialistas em medicina do esporte alertam que é preciso muito tato por parte dos treinadores para lidar com as mulheres atletas, já que estas normalmente se sentem intimidadas a tratar sobre esses assuntos com um homem, o que acaba prejudicando a prevenção e a própria orientação profissional que eles poderiam lhes prestar. Ressaltam, ainda, que "várias pesquisas demonstram que as mulheres atletas não devem ser avaliadas e treinadas da mesma forma que os homens, devido a fatores não apenas hormonais, mas também a eventuais distúrbios clínicos aos quais são mais suscetíveis, como a incontinência urinária e os distúrbios alimentares".
O Ambulatório de Ginecologia do Esporte da UNIFESP, que presta assistência e orientação médica às mulheres atletas, tem a pesquisa mais completa sobre a incontinência urinária nas mulheres corredoras (publicada pela Revista da Assoc. Med. Bras., vol. 54, nº 2, São Paulo, março/abril de 2008). Chegou-se à conclusão de que 62% das corredoras de longa distância são atingidas pela incontinência urinária, sendo que a perda de urina é mais significativa durante as competições (cerca de 65,2%).
A corrida foi considerada, ainda, uma atividade física de risco significativo para o desenvolvimento da incontinência urinária, já que a "força vertical de reação máxima do solo" é de 3 a 4 vezes o peso do corpo quando corremos, o que acaba sobrecarregando o assoalho pélvico, responsável pela contenção da urina. Mesmo assism, concluiu-se que a corrida de longa distância não apresenta grande impacto ao assoalho pélvico, e que talvez a maior incidência deste distúrbio nesse tipo de corredora se deva, na verdade, a uma maior fadiga muscular.
São, ainda, considerados fatores de risco: mulheres que já tiveram filhos, especialmente por parto normal, que apresentam lesões e ligamentos mais afrouxados na região, obesidade e idade avançada. Também foi identificada uma possível relação com distúrbios alimentares.
Assim, diante de tudo isso, o que pode ser feito para evitar o desenvolvimento desse distúrbio ou para eliminá-lo? Há exercícios que podem ser feitos, sob indicação de fisioterapeutas, ou do próprio profissional de Educação Física, para o fortalecimento do assoalho pélvico. Em casos mais graves, é preciso às vezes a estimulação por aparelhos, medicação, e, eventualmente, intervenção cirúrgica.
Se você sofre desse mal, ceda à tentação de beber muito líquido antes da corrida, principalmente se não houver banheiros dignos aos quais recorrer... beba somente o necessário para a hidratação, e não corra com a bexiga cheia, segurando a vontade de fazer xixi, pois isso faz mal e piora a situação...
Well, girls! Espero ter contribuído de alguma forma para a vida de vocês... E lembrem-se sempre:ao persistirem os sintomas, não deixem de consultar um médico, ok?

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