sábado, 10 de janeiro de 2009

Corredor pipoca

Já é do conhecimento de todos as deficiências apresentadas por muitas empresas organizadoras de corrida. Apesar de Brasília apresentar o segundo maior número de corredores de rua, perdendo apenas para São Paulo (e há de se considerar que, em termos relativos, Brasília tem muito menos habitantes...), é incrível como os organizadores pecam em detalhes básicos. Na 39ª Corrida de Reis, por exemplo, que é uma corrida bastante tradicional aqui no Distrito Federal, era de se esperar que tivessem melhor organização, mas isso não aconteceu, e, mais uma vez, quem saiu prejudicado foi o atleta amador. Como a academia sempre faz em outras corridas, solicitou uma cota de inscrições para seus alunos, que, para maior comodidade, preferem fazer a inscrição por intermédio do clube de corrida. E assim foi, como em tantas outras ocasiões: os alunos preencheram as fichas, pagaram as taxas de inscrição e apenas aguardavam as instruções sobre a entrega do kit e demais detalhes da prova. Para surpresa do clube de corrida, quando se tentou devolver as fichas já combinadas, os organizadores afirmaram que não era mais possível fazer qualquer inscrição, porque a prova já tinha atingido o número máximo de inscrições! Ainda se tentou argumentar, dizendo que aquele determinado quantum de inscrições havia sido colocado à disposição da academia, reservado para os seus alunos, e que apenas se queria entregar o dinheiro, mas os organizadores foram intransigentes, prejudicando muitos alunos que queriam participar do evento e que poderiam ter se inscrito diretamente nos postos de inscrição...
Diante do lamentável ocorrido, volto a pensar na polêmica figura do “pipoca”. Cada um tem sua opinião pessoal e há bons argumentos para aceitá-lo ou rejeitá-lo. A minha opinião pessoal, se me permitem expô-la, é a seguinte: por princípio de vida, sou contrária a qualquer tipo de atitude parasitária, ou seja, daquele indivíduo que quer usufruir de um serviço e não quer pagar por ele, ou que quer se aproveitar do que é do outro por direito, egoisticamente tomando para si o que não é seu... Assim, refuto a possibilidade de um “corredor pipoca” tomar a água nos postos de abastecimento, ganhar medalha ou pegar o kit no final da prova, porque, para mim, isto significa correr na ilegalidade... Não há, ademais, melhor sensação do que ganhar a medalha no final da prova, e ter seu tempo computado nos registros oficiais do evento... Por isso é que nunca corri na pipoca, até o momento. Todavia, penso firmemente em participar da Corrida de Reis nesta condição, já que também vejo na figura do pipoca uma certa vocação libertária, revolucionária, que não deixa de ser louvável. Em se tratando do “pipoca responsável”, engajado socialmente, que corre por um ideal, ou sob protesto, sem prejudicar ninguém, numa atitude de pacífica desobediência civil, acho aceitável, uma forma civilizada de boicote e de protesto, que afinal, é um direito e todo cidadão que se vê de alguma forma lesado. Que venha então, a Corrida de Reis, e aqueles que foram marginalizados, excluídos do evento, apesar de querer e estar dispostos a pagar por ele, dêem um “pindura”, e corram no anonimato, de forma responsável e consciente, na seca, e sem medalha para
a coleção no final, pelo puro e simples prazer de correr, sim, correr entre amigos, que é a graça desse esporte para nós tão querido...

2 comentários:

Thiago Fonseca disse...

meu amigo caro escritor sobre os pipocas...
no brasil não são todos que tem dinheiro para investir em corridas, tendo a necessidade de participar por gostar de correr e praticar esportes, acho que o direito de ir e vir das pessoas da o direito de participar pagando ou não, os organizadores das provas não podem impedir que entramos em via publica e a rua é de todos.
Ass. Os Pipocas São Paulo

Anônimo disse...

O dia que a pipoca for maior que o inscritos não haverá mais corrida ou organização de corrida.

Qualquer pessoa que utiliza um serviço e não paga por ele é um ladrão.

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