domingo, 4 de janeiro de 2009

Sonho realizado: minha 1ª São Silvestre


A emoção de correr a São Silvestre já começa na entrega do kit. Surpreendentemente, a despeito de tantas críticas que ouvi a respeito da Yescom, tenho que dar o braço a torcer e dizer que me surpreendi com a organização do evento. Tudo muito rápido, chip testado na hora, muitas barracas com produtos esportivos à venda e muitas pessoas na expectativa, saindo do ginásio do Ibirapuera com a inconfundível sacolinha do kit nas costas, devidamente orientadas por funcionários uniformizados. No dia 31, pegar o metrô em direção ao local de largada já é outra festa: dezenas de corredores se encontrando e se confraternizando, de repente cúmplices sem se conhecerem... Chegando na estação Trianon-Masp, a amplitude do vento começa a se revelar: são pessoas de todas as idades, raças, tipos físicos, fazendo seus alongamentos, tomando seus complementos alimentares, ou se aquecendo (aliás, eu me cansei só de olhar! Teve gente que começou a correr 1h30 antes da largada e não parou mais...). Cerca de 10 minutos antes, já alongada e aquecida, me posicionei no meio da multidão. Consegui achar a plaquinha do meu ritmo e já puxei papo com um senhor do meu lado, que também era calouro na São Silvestre.

no meio da multidão

Coração batendo mais forte, larga o pelotão de elite, e só uns 5 minutos depois é que começo a andar. Quando passamos pelo local onde estava posicionado o pelotão de elite, uma desagradável surpresa: no chão tinha de tudo o que vocês podem pensar de nojento. Fui desviando dos dejetos com cuidado e mesmo assim o meu tênis ficou grudando durante 1 km mais ou menos... Foram uns 10 minutos intermináveis até o tapete, a cerca de 2,5 km/h. Inicio o cronômetro e penso: Não tem mais volta! Até a Consolação não há outra coisa a fazer a não ser insinuar um trote muito do mal feito, cerca de 4 km/h, e curtir as fantasias que vão surgindo ao longo do percurso. Duas fantasias me chamaram a atenção e marcaram a minha corrida: o Charles Chaplin, que, eu não pude acreditar, correu os 15 km fantasiado e ainda chegou bem na minha frente, e um caipira, que ficava se revezando comigo, ora me passando, ora ficando para trás (pelo menos desse eu cheguei na frente!!!!).
o veloz Charles Chaplin

Na descida, a velocidade aumenta bastante e você nem sente, porque vai junto com a multidão. Tentei segurar um pouco, com medo de desperdiçar as forças para a subida da Brigadeiro. Ainda bem que o tempo estava bem nublado, porque o primeiro ponto de hidratação veio só pra lá do km 5! Realmente senti a alegria da população durante todo o percurso. Lá pelos arredores da Barra Funda, tinha um grupinho de pagode tocando em cada esquina para animar os atletas, e pessoas jogando água de mangueira para quem quisesse se refrescar. Duas meninas ficavam distribuindo copinhos d’água, e comemoravam cada vez que alguém aceitava um das mãos delas. Muita festa, tudo muito divertido, mas a frequência cardíaca começou a cobrar nas subidas. Pensei: caramba, se estou sofrendo nestas subidinhas, imagine como será na Brigadeiro?! Finalmente passo na frente do Teatro Municipal, pelo Viaduto do Chá, êita minha São Paulo querida! Quantas vezes passei por ali... Ladeira chatérrima aquela que dá no Largo São Francisco, mas a emoção de passar na frente da minha faculdade, a Velha e Sempre Nova Academia, bateu mais forte no coração e eu subi que nem um raio, cantando mentalmente umas trovinhas franciscanas da época de estudante: “Onde é que mora a amizade, onde é que mora a alegria? No Largo de São Francisco, na velha Academia!”, “A moça disse pra outra, com esse eu não me arrisco, pois ele estuda Direito, no Largo de São Francisco”! Meu marido estava esperando na frente para tirar uma foto minha lá, e eu fiz pose, diminuí bastante o ritmo só para garantir que a foto tinha saído.


foto obrigatória na frente da Faculdade

Depois, respirei bem fundo, para me preparar psicologicamente para a parte mais esperada do trajeto: a temível Brigadeiro Luís Antônio! Fiz um sinal da cruz mentalmente e comecei a subida. Olhei pra cima, um paredão humano! Firmemente decidida a não andar em NENHUM momento da prova, PRINCIPALMENTE na Brigadeiro, resolvi usar uma tática que deu muito certo: me concentrei só no passo seguinte, olhava apenas um palmo à frente do nariz. Ali encontrei um grupo de bombeiros cantando freneticamente: “Ô Brigadeiro, cadê você, eu vim aqui só pra te ver!”, o que foi essencial a me ajudar na subida, pois me deu uma animada. Pensando bem, até que a subida não é tudo aquilo, pois a elevação vai aumentando aos poucos. Na verdade, eu não precisaria ter me poupado tanto assim no restante do percurso, e poderia ter feito em um tempo bem menor, acredito, se tivesse tido um pouco mais de autoconfiança. Quando vi o km 14, então, aí é que eu me animei, justamente no pior trecho, que é mais ou menos ali perto do Fórum da Fazenda Pública, onde era também a VEC, pois me lembrei dos bons momentos em que eu era estagiária e subia justamente aquele pedaço da Brigadeiro a pé, até chegar na Paulista.
traçado do percurso no Google Earth
Ali, na esquina, pura emoção, muitas pessoas já começaram a comemorar, inclusive eu. Lembrei do prof. Lázaro dizendo, “Está sobrando? Então aumenta mais e vambooooooora”..., então resolvi dar um sprint lindo, para fechar com chave de ouro!
foto da chegada

Essa foi a minha melhor experiência em 2008! Adorei encerrar o ano fazendo o que eu mais gosto... Ano que vem quero repetir, com certeza. Alguém se animou? Quer uma medalha linda dessa na sua coleção também? Então vamos lá!!!
medalha da 84ª São Silvestre

THAÍS AROCA

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande Thais !

Parabens pela façanha e pela emoção da narração ! VC deixou todos nós orgulhosos !

Bj ! Mauro.

Anônimo disse...

Thais,
Nossa a experiência da corrida da São Silvestre deve ter sido realmente muito especial, principalmente por ter passado por lugares que marcaram a sua vida e pela alegria de todos que participaram do evento.
Parabéns pela sua determinação e dedicação, o que vc fez não é para qualquer um!
Ah, a medalha é linda!
Beijos Gigi

Anônimo disse...

Muito obrigada pelos elogios! Sem dúvida não teria conseguido se não tivesse ao meu lado amigos tão especiais que acreditaram em mim desde o início, quando nem conseguia caminhar 10 km...
E a emoção é maravilhosa mesmo. Correr é tuuuuuuuudo de bom!

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